TRE-MT recebe doações de mais de 100 livros considerados valiosos. O acervo já chega a 7.164 exemplares

O acervo, que contempla as áreas da filosofia, ciências sociais, política, história e literatura, pertencia ao professor de sociologia da UFMT, Antonio Carlos Drummond Monteiro de Castro

Doação de Livros

A Biblioteca do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso recebeu a doação de 114 livros já esgotados e, portanto, de difícil aquisição. O acervo, que contempla as áreas da Filosofia, Ciências sociais, Política, História e Literatura, pertencia ao professor de sociologia da UFMT, Antonio Carlos Drummond Monteiro de Castro, falecido em 2015. A doação foi realizada pela esposa do docente, Maria Angélica Spinelli.

 “Sem dúvida esses livros enriquecem o acerco da Biblioteca do TRE-MT”, ressaltou a chefe da Seção de Biblioteca e Editoração do TRE-MT, Lener Aparecida Galinari. Ela explica que nem todos os livros recebidos permaneceram na Instituição. “Fizemos uma triagem dos livros recebidos utilizando-se como base o interesse dos nossos usuários. Alguns livros específicos na área de “crítica literária” e outros temas em língua estrangeira foram doados às Bibliotecas da UFMT, UNIC e Univag. Essas obras não seriam consultadas na Biblioteca do TRE devido a temática específica na área da literatura e, assim, foram doados às universidades com o objetivo de valorizar e disponibilizar esse material aos seus acadêmicos”. Para consulta dos títulos doados clique aqui.

 Atualmente a Biblioteca do TRE-MT possui um acervo de quase 7 mil exemplares e é referência no Estado de Mato Grosso pela sua dinamicidade na prestação de serviços de atendimento ao seu público interno e externo e ao acervo especializado em Ciência Política, Direito Constitucional, Democracia e Direito Eleitoral. As obras disponíveis além de contemplar as áreas acima descritas abordam outros assuntos, dentre eles: Direito Administrativo, Civil, Processual Civil, Penal, Processual Penal, Direito Previdenciário, Finanças, Gestão Pública, Contabilidade Pública, História, Psicologia Organizacional. Além dos livros e periódicos impressos, a Biblioteca conta com uma Biblioteca Digital (Editora Fórum), DVDs, CDs, e também documentos históricos (fotografias, resultados de eleições e outros documentos institucionais) do Tribunal.

 A Biblioteca está situada na Casa da Democracia – prédio anexo ao TRE-MT e funciona de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 13:30h. O espaço, que é aberto ao público, atende principalmente, magistrados, servidores efetivos, terceirizados, requisitados, advogados, estagiários e promotores.

 

Biografia do doador:

 

Antonio Carlos nasceu no Rio de Janeiro em 29 de outubro de 1947. De família mineira, filho de José Monteiro de Castro, renomado político em âmbito nacional e estadual, e de Maria de Lourdes Drummond Monteiro de Castro, reconhecida por suas ações sociais, recebeu deles importantes referências que carregou por toda a vida.

 Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, não viveu ali muitos anos nem criou vínculos fortes com a cidade. Quando se mudaram para Brasília, passou a frequentar escola pública, e o convívio com alunos de camadas populares foi, segundo ele, de enorme importância para sua formação. Tempos depois, seus pais retornaram para Belo Horizonte e, lá, estudou no Colégio Estadual de Minas Gerais, onde fez amizades que cultivou até seus últimos anos.

 Graduou-se em sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e dedicou-se à formação acadêmica clássica, em reconhecidas universidades do país, mas aproximou-se também de outras formas de conhecimento como a filosofia oriental, a sabedoria chinesa, a música, o cinema, a fotografia, a poesia, a literatura, entre outros. Foi na obra de Guimarães Rosa que se deu seu mergulho foi mais intenso, buscando outras inspirações.

 A cada nova descoberta, devorava livros, imagens, sons, entregava-se às experiências, fazendo tudo que o levasse a explorar da maneira mais abrangente possível seus novos interesses. Na década de 1970, ainda estudante de graduação, apaixonou-se pelo livro Grande Sertão: Veredas e decidiu fazer uma “nova sociologia”. Percorreu o caminho do autor no sertão mineiro, onde, mais do que realizar entrevistas, estabeleceu contato com alguns dos personagens, entre eles, Manuelzão.

 Ao longo das décadas de 1980 e 1990, envolveu-se profundamente com a macrobiótica e viveu por alguns anos na Escola Musso (Mairiporã-SP), comunidade fundada pelo imigrante japonês e professor Tomio Kikuchi, experiência que influenciou decisivamente a vida de Antonio Carlos. Durante seu período de envolvimento com a prática macrobiótica, transformou-se intensamente, aprofundando conhecimentos e práticas relacionados à alimentação, à concepção de vida e de saúde que, sob a ótica do “princípio único”, passaram a integrar seu cotidiano desde então.

 Os últimos vinte anos de sua vida foram marcados pelo inusitado encontro que ele mesmo promoveu entre a obra de Guimarães Rosa e a filosofia oriental. Da vivência prática e reflexão teórica dessas duas imersões, surgiu sua vontade de realizar o mestrado no Instituto de Letras da Unicamp, que resultou em sua dissertação de mestrado “As Primeiras Estórias de Guimarães Rosa e a Sabedoria Chinesa”, orientado por Suzi Frankl Sperber, buscando possíveis relações entre a obra de Guimarães e a filosofia oriental. Sua tese de doutorado, “Política e Literatura em Grande Sertão: Veredas”, concluída em 2013 pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob orientação de Silvana Maria Corrêa Tótora e dedicada a seu pai, versou sobre a presença da política e do direito na obra do autor mineiro, e o que chamou de seu “reencontro com o Pensamento Político Moderno”, tecendo também paralelos com a sabedoria chinesa e a arte de governar.

 Os sentidos e a sensibilidade de Antonio Carlos eram particularmente aguçados: com um olhar profundo sobre si e sobre o outro, enxergava e escutava através do coração. Dedicou-se à fotografia e ao audiovisual durante as décadas de 1980 e 1990 e era apaixonado por cinema, fotografia e música (e quem o conheceu sabe que ouvia incansavelmente suas descobertas a cada fase da vida). Muitos que o conheceram, quando souberam de seu falecimento, recordaram a sua influência em suas descobertas de artistas e obras. Aliás, “re-cordar” - passar de novo pelo coração - era uma das palavras que ele adorava discorrer sobre, quando evocava a etimologia em suas conversas e discursos.

 As reflexões e vivências de Antonio Carlos estiveram ativamente presentes nas relações com os alunos, seu círculo familiar e de amizade mais próximos: às vezes, sensibilizando, suscitando mudanças e, outras vezes, provocando profundas discussões e distanciamentos. Antonio Carlos nunca parou de buscar o autoconhecimento e novas perspectivas, tampouco de tentar compartilhar suas ideias com aqueles que o cercavam. Era inquieto, questionador, desafiador.

 E seu ex-aluno de Comunicação, Diego Beraldi reportou, quando da cerimônia de enterro das cinzas de Antônio Carlos, na UFMT, afirmando e agradecendo “o mundo que ele generosamente descortinou para nós, (...) ainda tão jovens. Um mundo de autores que construíram narrativas instigantes para pensar as mudanças do Brasil, mas também para estimular nosso pensamento a produzir mudanças pessoais, mais interiores, mais subjetivas”. Estes alunos o homenagearam na Aula da Saudade da turma: “A Terceira Margem do Rio”. E conclui: Antonio Carlos era daquelas pessoas que fazem a vida valer a pena”

 

 Jornalista: Andréa Martins Oliveira

 

   

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