Nos fez compreender que democracia não é só votar, diz eleitor de Mirassol

diz eleitor de Mirassol, após audiência pública do TRE-MT

AUDIENCIA MIRASSOL

Com participação maciça dos eleitores de Mirassol D´Oeste, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso realizou a Audiência Pública da Cidadania no Município nesta nesta terça-feira (27/09), no espaço físico da Câmara Municipal. "Foi um momento de muito esclarecimento e reflexão do que é realmente política, cidadania e democracia. Abriu a mente de todos os presentes e nos fez compreender que devemos participar ativamente da política, não só na hora do voto, pois dependemos e somos atingidos pela política. Se hoje escolhermos errado nossos representantes, colheremos as consequências no futuro", disse o servidor público Edeon Alves dos Santos, que marcou presença no evento, que teve início às 14 horas..

 

Por duas horas, autoridades da Justiça Eleitoral e a população local discutiram temas como corrupção, voto consciente, política, democracia e cidadania. Os participantes assistiram ainda uma palestra sobre os aplicativos "Pardal", Caixa 1" e "Soberano", que criados por servidores do TRE-MT. As ferramentas foram apresentadas pelo secretário de tecnologia e informação do TRE, Luiz Cezar Darienzo.

 

O eleitor Paulo Gonçalves Ferreira, de 49 anos, parabenizou o TRE pela iniciativa. "É um excelente trabalho que só vem acrescentar conhecimentos e reflexão".

 

Nesse mesmo sentido foi a opinião de Geni Fernandes da Cunha Leite, que reside em Mirassol D'Oeste há 40 anos. "Foi ótimo, pois colocou uma pulga atrás da orelha para que a gente pense mais e passe a agir. Estamos acomodados. Sei que o problema também é meu, mas acabo deixando para depois e esperando que outra pessoa faça minha parte. A Audiência nos fez pensar que devemos nos tornar cidadãos mais conscientes e atuantes".

 

Professor e residente em Mirassol D'Oeste há 30 anos, Lucio Moreira Nunes falou da importância da audiência para os jovens estudantes que estavam presentes. "Noto que os alunos, em sua maioria, estão alheios e distantes da política. Mas precisamos incentivá-los a participar, pois eles são o futuro. Acredito que os estudantes que participaram da audiência puderam captar muitas coisas boas e espero que tenham absorvido tudo o que foi discutido".

 

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Márcio Vidal, agradeceu a todos os eleitores participaram da audiência e falou das consequências da corrupção e da falta de interesse da sociedade pela política.

 

"Vejo nesse seleto auditório pessoas de bem e que estão interessadas numa vida melhor. Todos nós temos as nossas necessidades e esperanças de que dias melhores virão. Esta administração tem um projeto que não se restringe apenas aos afazeres constitucionais e legais e que se preocupa apenas com o processo eleitoral, ou seja, que é organizar e realizar a eleição. A nossa preocupação também é com a qualidade do voto e com o produto que será depositado nas urnas pelos eleitores e que esse seja a melhor escolha para a sociedade. O Brasil perde 5% do PIB todos os anos por conta da corrupção. O País deixa de crescer por conta desse mal. A corrupção mata mais que uma guerra civil. Quando nos deparamos com a falta de assistência médica, segurança e demais políticas públicas a causa é a corrupção e isso ocorre por conta da ausência da sociedade. Temos a equivocada ideia que democracia é só votar e ser votado. Isso não é democracia, isso é a materialização de um processo. Democracia é participar e acompanhar os agentes políticos e públicos".

 

O desembargador destacou também que não vai ser nenhum candidato, partido e personagem que milagrosamente irá mudar o atual cenário político, econômico e social. "A saída é a mudança de atitudes de cada um. Senão, o que vai acontecer é que a crise irá se aprofundar e todos nós sofreremos as consequências. Somos vasos comunicantes. Se o governante falha todos nós seremos atingidos. Temos que pensar num todo. Está na hora de nós, sociedade, termos controle de tudo. Para isso, nós temos que adentrar nos partidos, discutirmos, influenciarmos nas escolhas dos candidatos. Não é na hora das urnas, mas sim, antes. Ver se a pessoa tem condição de ser candidato e se tem vontade de trabalhar para o próximo. Porque senão ficaremos na mesmice e nós vamos evoluir".

 

O promotor eleitoral de Mirassol D'Oeste, Leonardo Moraes Gonçalves, explicou no que consiste a corrupção eleitoral. "A corrupção está entranhada no seio da sociedade. Trata-se de um crime previsto no código eleitoral e o comete quem tenta ou compra o voto do eleitor, mas também, o eleitor que vende o seu voto, ou pelo menos, tenta vender o voto. Essa regra tenta manter a democracia viva. Aqui se insere o voto consciente. Não podemos ter essa consciência política e cidadã somente às vésperas da eleição, mas tê-la a vida toda. Do que adianta eleger e depois não fiscalizar? O cidadão não pode estar à margem da política, pois os eleitos gerem a coisa pública. Voto consciente é quando escolhe seu representante por questões ideológicas, em razão do histórico de vida do candidato, de suas práticas e dos ideais. Voto consciente é o voto não corrupto".

 

A juíza federal e juíza membro do TRE, Vanessa Curti Perenha Guasques, falou sobre a participação feminina no ambiente político. "É um tema delicado, mas muito especial para nossa democracia. Hoje, o Brasil está na 155ª posição de representatividade feminina no contexto mundial. No nosso parlamento, apenas 10% é de representação feminina. Ai pergunto: As mulheres não tem capacidade de estar nesse lugar? Penso que temos sim, a mulher precisa se conscientizar dessa capacidade, porque nós, mulheres, encontramos limitações pelo próprio papel que exercemos dentro da sociedade – mãe e esposa. Mas para revertermos esse quadro, precisamos do apoio dos homens, dos partidos, de todos os segmentos sociais. Temos lei que hoje obriga as agremiações a lançarem um número de candidatas, mas o que vemos é que são poucas as mulheres que se dispõem a participar dessa atividade e, pior, mulheres que cedem seus nomes apenas para compor as cotas. Isso também é corrupção. Os partidos não irão preparar lideranças femininas se as mulheres continuarem a aceitar essa condição. Não é falta de capacidade, mas falta de apoio familiar para que ela possa trabalhar e se doar. Se a gente quer um país que seja mais plural precisamos nos preparar para isso. E essa preparação não é só da mulher".

 

O advogado e juiz membro do TRE, Ulisses Rabaneda, ressaltou que a Justiça Eleitoral quer ouvir a sociedade. "A palavra  Audiência vem de "audienta" que é parar para ouvir, silenciar para ouvir. O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso tem todo o interesse de ouvir a população e pegar essas informações, reclamos, críticas e sugestões e levá-las ao Plenário do Colegiado e ao Tribunal Superior Eleitoral para fazermos um órgão eleitoral cada vez mais forte e uma democracia mais forte. Temos uma responsabilidade muito grande. A Constituição Federal de 1967 dizia que todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido. Já a CF de 1988 repete essa expressão e acrescenta: 'Todo poder emana do povo que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente'. As pessoas que se elegem e ocupam cargos no executivo e legislativo o fazem em nome do povo. É a chamada democracia representativa. Quando o parlamentar está votando uma matéria ele o faz em nome do povo que o elegeu para representá-lo. Essa vontade popular precisa ser autêntica e não pode ser induzida e nem comprada. Se cada um de nós pudermos debater os nossos problemas, discutir a nossa cidade, conhecer os nossos candidatos e no momento do voto, depositarmos nas urnas a nossa vontade livre, soberana e autentica, tenho absoluta certeza que faremos da nossa cidade, estado e país um lugar melhor para morarmos. Há diversos mecanismos a disposição da sociedade para que a população nos ajude a demonstrar aonde e quando está havendo condutas como compra de voto, abuso de poder político e outros, que podem tirar essa autenticidade. Não podemos atacar esse mal sem a ajuda da sociedade".

 

Jornalista: Andréa Martins Oliveira

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