TRE-MT lança campanha nas redes sociais para marcar Semana Nacional da Consciência Negra
São quatro vídeos trazendo depoimento de servidoras públicas sobre os desafios das mulheres negras na sociedade, o racismo estrutural, o mercado de trabalho e o papel da Justiça na inclusão social

O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) inicia nesta quarta-feira (19) uma campanha institucional nas redes sociais alusiva à Semana Nacional da Consciência Negra, cujo Dia é celebrado nesta quinta-feira (20). A ação consiste na veiculação de uma série de quatro vídeos, divulgados até sábado (22), que trazem à luz relatos pessoais de servidores do órgão sobre as barreiras impostas pelo racismo na sociedade brasileira.
Denominada “Vozes Pretas: Memórias que não calam”, a campanha propõe reflexão e debate sobre a necessidade de ações afirmativas e a mudança de postura diante do preconceito racial. Ao resgatar histórias e dramas pessoais que foram silenciados, os vídeos trazem depoimento de servidoras públicas sobre os desafios das mulheres negras na sociedade, o racismo estrutural, o mercado de trabalho e o papel da Justiça na inclusão social.
Os vídeos foram extraídos de uma transmissão no YouTube, ocorrida no dia 25 de junho de 2025, em que servidores, servidoras, magistrados e convidados debateram, em uma roda de conversa, o livro “Pequeno Manual Antirracista”, da filósofa Djamila Ribeiro. Em resumo, a publicação aborda o racismo como um problema estrutural da sociedade brasileira, decorrente do passado escravocrata do país. O objetivo do manual é apresentar caminhos de reflexão e prática para uma transformação social antirracista.
A presidente do TRE-MT, desembargadora Serly Marcondes, ressalta o papel do Judiciário na promoção da igualdade racial. "Esta data exige mais que celebração, demanda uma reflexão profunda sobre as estruturas que formam a nossa sociedade. A Justiça Eleitoral tem o dever de garantir que a democracia seja um espaço de pluralidade e respeito. Ouvir essas vivências é o primeiro passo para desconstruir preconceitos que ainda persistem e reafirmar nosso compromisso com a equidade”, avalia.
Os vídeos abordam diferentes facetas da discriminação racial, desde a infância até a vida adulta. O conteúdo foi editado para destacar frases e momentos que evidenciam como o racismo opera de maneira sistêmica, muitas vezes invisível para quem não o sofre, mas determinante para a trajetória da população negra.
A campanha utiliza a força do depoimento em primeira pessoa para gerar identificação e questionamento. A estratégia de comunicação busca não apenas informar, mas provocar uma análise crítica sobre o comportamento individual e coletivo diante de situações de exclusão e violência simbólica ou física.
Da escola ao mercado de trabalho
O primeiro episódio trata das marcas deixadas pela discriminação no ambiente escolar. O relato expõe a diferenciação no tratamento dado por professores e a exclusão em momentos simbólicos, como a fotografia da turma, além da pressão estética sofrida por décadas em relação ao cabelo natural. A narrativa conecta essas experiências infantis à compreensão tardia do que é o racismo.
A inserção no mercado de trabalho é outro tema central. Um dos vídeos narra a dificuldade de acesso ao primeiro emprego, quando a exigência de "boa aparência" servia como barreira racial. O depoimento destaca o concurso público como a ferramenta que permitiu a avaliação pela inteligência, e não pela cor da pele, possibilitando a entrada no serviço público e no próprio Tribunal.
A série também discute o racismo estrutural no sistema de justiça e na segurança pública. São abordados dados sobre a baixa representatividade de negros em escritórios de advocacia e a seletividade penal que atinge majoritariamente a população negra. Há ainda uma reflexão sobre a terminologia histórica, pontuando a diferença entre "negros escravos" e "escravizados", para reconhecer a violência do processo histórico.
Por fim, a campanha toca no silêncio social e na importância do posicionamento. Os relatos questionam a omissão de quem presencia atos racistas e não reage, classificando o silêncio como conivência. A série encerra com uma análise sobre as cotas e políticas afirmativas, apontadas como essenciais para iniciar uma mudança, ainda que gradual, nas instituições brasileiras.
As peças serão veiculadas nos perfis do TRE-MT no Instagram (@tre_mt), Facebook (@TREMT), YouTube (@TREMT1), TikTok (@ tre_mt), Threads (@ tre_mt).
Daniel Dino
Assessoria TRE-MT
#PraTodosVerem – Imagem com fundo preto divulga a campanha "Vozes Pretas: Memórias que Não Calam" do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). No canto superior esquerdo, há um desenho de linha branca minimalista de um perfil feminino negro com cabelos volumosos e uma borboleta. O texto principal em destaque afirma: "Ao resgatar histórias e dramas pessoais que foram silenciados, queremos promover uma reflexão profunda sobre o racismo estrutural e suas consequências". Na parte inferior, há quatro ilustrações de busto de mulheres negras com diferentes penteados e tonalidades de pele e a logomarca do TRE-MT no canto esquerdo.

