Professores indígenas incentivam jovens a participarem do processo político do país

Eleitor indígena durante as Eleições 2014

A conscientização de participar do processo eleitoral no país está acontecendo cada vez mais cedo entre os povos indígenas. O trabalho é realizado por professores que repassam aos jovens estudantes não só a importância da manutenção de sua cultura milenar mas também os direitos e deveres que eles têm como cidadãos brasileiros.

Um destes professores é Marcelo Alves Terena Coguiepa, 31 anos, pertencente a aldeia Tadarimana. O educador do ensino fundamental tem a convicção de estar cumprindo seu papel ao orientar os estudantes sobre a importância de exercer a cidadania. “O direito ao voto é algo que conquistamos com nossa luta e ele precisa ser exercido. Os jovens Bororos devem ter consciência de que precisam participar ativamente das políticas públicas do país, dando sugestões, opiniões e debatendo questões locais”.

A politização entre as etnias vem aumentando a medida em que os indígenas percebem que sua participação faz diferença, segundo avaliação de Maria das Graças Gomes da Costa , juíza eleitoral da 45ª ZE de Rondonópolis. “As eleições são sempre um momento histórico e a cada ano vai aumentando a percepção do eleitor indígena de que seu voto pode fazer a diferença para sua comunidade. Ele está disposto a participar e ser conhecido como cidadão de direito, que ele realmente é”, destaca a magistrada.

As eleições na aldeia Tadarimana contaram com a ajuda de servidores da Justiça Eleitoral, Polícia Federal e de voluntários de órgãos de apoio aos indígenas.  O cacique Cícero Kudoropa explica que a tranquilidade faz parte da cultura local. “A pessoa vem com o seu título, vota e vai embora em paz. Os policiais garantem a segurança”. O cacique realiza reuniões com os eleitores bororos, 171 no total, para esclarecer a importância do voto e garante. “Nos próximos anos tentaremos fazer as eleições com 100% de mesários indígenas. O pessoal do cartório eleitoral nos ensinou muitas coisas”.

Dos três mesários da sessão, dois são indígenas. Um deles é Leandro Wabo, que trabalha pela segunda vez ajudando a organizar as eleições. Para ele, trabalhar com a democracia é uma motivação para seus alunos. Como professor ele busca incentivar os estudantes a acompanhar as propagandas eleitorais, ver os projetos apresentados e votar com responsabilidade. “Os jovens precisam aprender a analisar as propostas, saber as que são importantes para a nossa população, para o futuro do país e de nosso povo”.

 

PIONEIRISMO - A Tadarimana foi uma das primeiras terras indígenas a ser inserida no processo eleitoral em Mato Grosso. Um dos motivos é a localização, a 35 km de Rondonópolis, em estrada de fácil acesso. As eleições acontecem em uma escola de ensino fundamental que funciona dentro da reserva indígena e recebe também eleitores das aldeias Praião, Pobore e Jurique, todos da etnia Bororo.

Trabalhando na Tadarimana há 20 anos, o servidor da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Francisco de Paula, realiza um trabalho eleitoral voluntário com os indígenas, que vai desde a orientação do voto consciente até a ajuda na organização do pleito eleitoral. Sua missão começou com a necessidade da Justiça Eleitoral de ter alguém que tivesse ligação com a aldeia. Como conhece muito bem as tradições e costumes dos Bororos e é muito respeitado dentro da reserva, ele foi escolhido.

Francisco comemora o fato da maior parte dos Bororos da região de Rondonópolis estarem regularizados com a Justiça Eleitoral e tem a certeza de que cumpriu bem seu papel. “Sempre oriento sobre a importância do voto e eles vão repassando essas informações, um eleitor vai puxando o outro. Hoje eles já sabem que podem escolher, cobrar suas necessidades. A consciência política aumentou muito. Eles não votam mais por obrigação, e sim porque gostam”.

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