Justiça Eleitoral de Mato Grosso planeja mutirões de biometria em territórios indígenas com respeito às tradições culturais
Calendário das atividades será construído de forma dialogada com as lideranças indígenas, respeitando os ritos, costumes e a organização de cada território.

A Justiça Eleitoral de Mato Grosso confirmou a realização de mutirões em territórios indígenas com o objetivo de ampliar o cadastro biométrico de eleitores indígenas. A ação foi anunciada nesta segunda-feira (14.07) durante reunião conduzida pelo corregedor regional eleitoral, desembargador Marcos Machado, com a participação de representantes da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt).
Durante o encontro, foi acordado que o calendário das atividades será construído de forma dialogada com as lideranças indígenas, respeitando os ritos, costumes e a organização de cada território.
“Nós buscamos ampliar a participação indígena nas eleições de Mato Grosso, tanto em eleitores como na divulgação de informações que lhes possibilite ter um número cada vez maior de candidatos. A sociedade precisa ter essa pluralidade, esse respeito aos povos tradicionais. Vamos ampliar a biometria dentro dos territórios indígenas, e isso será feito de maneira dialogada com eles, ouvindo e respeitando suas tradições”, afirmou o desembargador Marcos Machado.
A presidente da Fepoimt, Eliana Xunakalo, destacou a importância da Justiça Eleitoral construir essa agenda a partir do diálogo com os povos originários. “Cada território tem uma questão cultural, sua organização própria. É muito bom esse diálogo para que as ações aconteçam respeitando esse calendário, porque aí se torna mais efetivo. Às vezes está na época do plantio, da pescaria, ou acontece algum ritual importante, e os parentes não vão abrir mão disso. Então é fundamental que haja esse entendimento para que tenhamos sucesso no cadastramento e na garantia do exercício da cidadania”, explicou.
Eliana reforçou ainda o impacto positivo da presença da Justiça Eleitoral nas aldeias. “É importante porque nós, povos indígenas, temos um calendário próprio de ritos, de organização interna, e essas ações precisam ser feitas com diálogo com a comunidade. A partir disso, teremos cidadãos indígenas com o gozo pleno de seus direitos, conscientes da importância de estar críticos, de saber utilizar os instrumentos democráticos e de fazer boas escolhas políticas. É muito bom ter a Justiça Eleitoral chegando nos territórios”, completou.
Também presente na reunião, Silvano Chue Yudja, da etnia Chiquitano, ressaltou que muitas vezes indígenas não conseguem fazer o cadastro biométrico por conta da distância entre as aldeias e os centros urbanos. “Pra mim é de extrema importância, porque os povos indígenas, assim como toda a sociedade brasileira, são cidadãos. Mas às vezes, pela dificuldade de morar na aldeia, nem todos têm o cadastro. E os dados são fundamentais porque eles trazem políticas públicas pros territórios. Então, pra mim, isso é muito importante”, avaliou.
Ainda participaram da reunião pela Justiça Eleitoral, o coordenador da Corregedoria, Breno Gasparoto, o analista responsável pela expansão da biometria em Mato Grosso, Kelsen Magalhães, e a assessora técnica da Corregedoria, Adriana Rezende. Pela Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso, maria Anarrory, e José Antônio Paravá.
Daniel Dino
Assessoria TRE-MT