Muito além de ensinar a ler e escrever, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) está preocupado com a saúde destes mais de 60 eleitores que participam do projeto Soletre. Em sua maioria, são pessoas experientes, que dedicaram a vida a cuidar da família, que receberam poucas oportunidades profissionais e sociais. Este é um cenário que pode se tornar perigoso para muitas pessoas quando o assunto é saúde mental. 

“As frustrações da vida, arrependimentos, situações que causaram dor emocional devem sempre ser analisadas, debatidas e compreendidas como forma de aprendizado. Existe o risco natural que este conjunto de sentimentos gerem transtornos de ansiedade, inclusive paralisando o indivíduo em relação a continuidade da vida”, destacou a psicóloga do TRE-MT, Viviane Zaitum. 

Ela coordenou a Ação Cuidar, que durante uma semana realizou encontros e palestras junto aos alunos do Soletre explicando temas difíceis como a depressão e o suicídio. “Percebemos que muitos alunos, assim como a sociedade, não sabe a correta diferença entre a tristeza normal, que todos temos durante nossas vidas, e a depressão, aquela tristeza constante. Devido a faixa etária destes alunos, eles estão ainda mais sujeitos as doenças mentais, já que a pessoa mais velha acaba utilizando medicamentos constantes e pode acabar vivendo em certo isolamento”. 

Sobre o suicídio, a psicóloga lembrou que existem situações, muito mais comum do que se imagina, onde o idoso não recebe o suporte emocional necessário, principalmente da família. “Explicamos o que é o suicídio, o ato de atentar contra a própria vida. Alguns alunos não sabiam o significado da palavra, lembrando que era comum utilizar a expressão: ‘fulano morreu de repente’ para esconder o suicídio de um membro familiar, já que o tema é visto como motivo de vergonha por muitas pessoas. Este é um tabu, principalmente entre pessoa socialmente em situação de vulnerabilidade, que deve ser dialogado”. 

As palestras da Ação Cuidar ainda apresentaram aos alunos os meios de buscar ajuda profissional para combater a depressão e pensamentos suicidas. “Indicamos o Centro de Valorização da Vida, os Caps, e as faculdades. O importante é pedir ajuda sempre. Se existe uma dúvida, já é o momento de buscar orientação profissional”.    

Jornalista Daniel Dino

Assessoria TRE-MT